Incontinência Urinária atinge até 35% da população feminina

A incontinência urinária, apesar de comum, é negligenciada por muitas mulheres devido ao desconhecimento, comodismo ou mesmo receio de buscar tratamento adequado. Para alertar sobre o problema, ela tem até uma data: 14 de março – Dia Mundial da Incontinência Urinária. A Sociedade Internacional de Incontinência (ICS) define incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina. A prevalência nas mulheres entre 45 a 60 anos pode variar entre 25 a 35%, dependendo da região e critérios de definição utilizados. “Os impactos na qualidade de vida são desconcertantes, interferindo muitas vezes na convivência social, profissional e afetiva. São recorrentes queixas de pessoas que privam-se de participar de eventos sociais, praticar atividades físicas ou mesmo interferindo nas relações afetivas”, afirma o Dr. Antônio Brunetto, urologista do Hospital São Vicente – Funef. Confira abaixo algumas dúvidas frequentes sobre os tipos de incontinência urinária e seu tratamento:

Quais os principais tipos de incontinência urinária?

Dr. Antônio Brunetto – urologista do Hospital São Vicente – Funef:

Os padrões principais consistem na incontinência urinária de esforço e/ou por contrações involuntárias da musculatura vesical (bexiga hiperativa). A incontinência de esforço ocorre classicamente pela disfunção esfincteriana (estrutura muscular responsável por reter a urina) ou por alterações na mobilidade da bexiga e uretra (canal da urina). Essa incontinência manifesta-se com perdas urinárias aos esforços, como tossir, dar risada, praticar atividades físicas ou levantar peso. A incontinência de urgência consiste em contrações da bexiga em momentos inapropriados e manifesta-se na forma de urgência urinária, ou seja, vontade súbita e intensa de urinar culminando com perdas urinárias. Existe a possibilidade de apresentar ambos os tipos de incontinência, o que denomina-se incontinência mista.

Como fazer o diagnóstico de incontinência urinária?

Dr. Antônio Brunetto – urologista do Hospital São Vicente – Funef:

O diagnóstico pode ser feito somente pela clínica da paciente. A entrevista médica, juntamente com o exame físico minucioso, podem fornecer informações e caracterizar a doença. Em casos específicos, o médico pode complementar a investigação com exames complementares como a ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e o estudo urodinâmico.

Quais as causas da incontinência urinária?

Dr. Antônio Brunetto – urologista do Hospital São Vicente – Funef:

Dentre os fatores predisponentes podemos citar: envelhecimento; gestação e parto, especialmente mulheres submetidas a parto normal; sobrepeso e obesidade; menopausa e fatores genéticos. Importante salientar que, por vezes, a incontinência pode ser determinada por doenças de risco como infecção urinária, esclerose múltipla, AVC, doenças medulares e tumores. Torna-se imperativo consulta ao urologista para identificar doenças com riscos à saúde.

A incontinência urinária ocorre exclusivamente em mulheres?

Dr. Antônio Brunetto – urologista do Hospital São Vicente – Funef:

Na faixa etária acima de 60 anos, as mulheres têm probabilidade duas vezes maior que os homens de desenvolverem incontinência urinária, porém o sexo masculino não está livre dessa condição. As causas da incontinência urinária masculina são bastante variadas, tais como problemas neurológicos, dentre eles o AVC, Parkinson, esclerose múltipla, além de traumas e doenças congênitas, porém a causa mais frequente no homem está associada a cirurgias de próstata. O homem deve também procurar auxílio profissional para diagnóstico e tratamento adequado das perdas urinárias.

Como tratar?

Dr. Antônio Brunetto – urologista do Hospital São Vicente – Funef:

O tratamento da incontinência urinária pode ser feito com fisioterapia, medicação ou cirurgia. A fisioterapia consiste em fortalecer os músculos que compõem o assoalho pélvico. O método utilizado deve ser orientado por profissionais capacitados em técnicas fisioterápicas para incontinência, dentre elas a cinesioterapia com biofeedback, eletroestimulação e cones vaginais. Como qualquer prática de fortalecimento muscular, exige aderência e persistência na realização dos exercícios. O tratamento depende da qualidade e quantidade de repetições executadas, bem como seguimento especializado.

As medicações têm uso limitado no tratamento da incontinência urinária de esforço. Além da necessidade do uso crônico da medicação e seu custo elevado, efeitos colaterais como náuseas e tonturas desmotivam a continuidade do tratamento. Tratando-se da incontinência de urgência (bexiga hiperativa), as medicações têm papel central no controle de sintomas. Outras técnicas como a utilização de eletrodos para gerar corrente elétrica e estimular o nervo tibial posterior e aplicação de toxina botulínica em pontos específicos da bexiga podem ajudar no controle da doença.

Mais de uma centena de técnicas cirúrgicas foram descritas para correção de incontinência urinária, porém a mais utilizada é a cirurgia de suporte uretral com faixas (sling). Essa cirurgia, proposta no final do século XX, passou por aperfeiçoamentos de técnica e material, tornando-se alternativa de tratamento segura e efetiva. O tempo cirúrgico, o período de internação hospitalar e as complicações operatórias foram reduzidas. Outro aspecto importante é o retorno precoce da paciente a suas atribuições pessoais e profissionais. Técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como injeção de colágeno, gordura ou demais materiais sintéticos sob a uretra feminina necessitam de mais estudos comparativos.

A incontinência é uma condição que afeta indivíduos no nível físico e emocional, não distinguindo estratos sociais ou etnias. O constrangimento em buscar ajuda atrasa o tratamento e prolonga o sofrimento das vítimas de incontinência. A mensagem que deve permanecer é a possibilidade de cura, recuperando a autoestima e permitindo atividades que antes eram evitadas.

 

Fonte: https://massanews.com/noticias/ciencia-e-saude/incontinencia-urinaria-atinge-ate-35-da-populacao-feminina-MPozp.html